
VILA MANOEL DIAS
O Estado de São Paulo estabelece seu Código Sanitário em 2 de março de 1894, regulamentando de maneira mais rígida do que o Código de 1886, a matéria referente às habitações insalubres, procurando fazer que os cortiços desaparecessem e estimulando as casas operárias, como se estas fossem solução para o problema da insalubridade nas habitações.
O Código Sanitário do Estado de São Paulo, de 1894 estipula normas de forma mais especificas, especialmente com relação à moradia operária: “As Villas operárias deverão ser estabelecidas fora da aglomeração urbana”.
É evidente que todos estes Códigos e leis teriam reflexo imediato em Campinas, ainda mais se considerarmos o esforço sanitarista do final no século XIX, para erradicar a epidemia de febre amarela que dominou a região (RODRIGUES, 1997, p. 92).
É dentro deste incentivo à construção de Vilas operárias e demolição de cortiços, que surgem as Vilas Manoel Dias e Manoel Freire, na Vila Industrial, local afastado do perímetro urbano. Foram as primeiras vilas operárias de iniciativa privada que se tem notícias em Campinas (Figura 1) (RODRIGUES, 1997, p. 94).

Fotógrafo: Pedro Joly
Tratamento de imagem: Maneco Silva
Acervo: Ana Villanueva
Inserção de dados: Ana Villanueva
A primeira casa na Vila Manoel Dias foi construída em 1902, em função da expansão do pátio ferroviário a partir da aquisição de terrenos pela Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, e apesar de ser tombado, foi demolido no início do século XXI (Figura 2) (CONDEPACC, processo 03/90).

Fotógrafa: Iracema Galucci
Tratamento de imagem: Maneco Silva
Acervo: Ana Villanueva
Inserção de dados: Ana Villanueva
Segundo a neta do Sr. Manoel Dias, A Sra Bernardina Dias Gerin, em entrevista realizada no ano de 1994, seu avô chegou ao Brasil proveniente da cidade do Porto em Portugal, e tinha uma transportadora de carroças na cidade de Campinas. Porém, comprou terrenos na Vila Industrial e negociou com os mesmos até a construção da Vila Manoel Dias. Os compradores eram operários da ferrovia e na maioria maquinistas e foguistas, porém, alguns trabalhavam no Cortume (COORDENADORIA, 1994).
A Sra Bernardina Dias Gerin chegou a morar com a família na casa de numero 63 da Vila Manoel Dias, quando tinha aproximadamente 10 anos, depois mudou-se para uma casa da avenida Joao Jorge (COORDENADORIA, 1994).
A Vila Manoel Dias possui três entradas, que eram fechadas por portões todos os dias, às vinte e uma horas, pela esposa do Sr. Manoel, com um sino do lado de fora para os que chegavam após este horário. (COORDENADORIA, 1994).
A esposa do Sr. Manoel era a sra Maria D’Andreia, natural do Veneto – Itália, e viúva. Juntos tiveram os filhos: Manoel, Maria, Carolina, Florinda e Bernardina (COORDENADORIA, 1994).
O Sr. Manoel Dias foi proprietário de 250 casas na Vila Industrial e colaborou no crescimento do bairro ajudando a construir a pequena capela no local onde hoje está a Igreja São José e o 3º Grupo Escolar, no local da atual Escola Renovatus (COORDENADORIA, 1994).
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Código Sanitário em 2 de março de 1.894. Lei número 286.
CONDEPACC. Processo de Tombamento número 03/1990.
COORDENADORIA do Patrimônio Cultural. Entrevista com Bernardina Dias Gerin. Campinas: 19 de setembro de 1994.
RODRIGUES, Ana A. Villanueva. “Preservação como Projeto: Area do pátio ferroviário central das antigas Cia Paulista e Cia Mogiana – Campinas – SP”. São Paulo: Dissertação de Mestrado, FAU-USP, 1997.
Estive pesquisando e vi que Manoel Dias (Manoel Dias da Silva) era pai de Bernardina Dias Gerin (nome de casada), o avô de Bernardina se chamava Joaquim Dias da Silva, na Vila Industrial existe a Avenida Manoel Dias da Silva e sua história está registrada no CMU da Unicamp, e no Arq_camp existe registro de dezenas de casas requeridas por ele na Vila Industrial.
Obrigada Moisés por estas valiosas informações